Archive for fevereiro 2nd, 2010
Sem querer parecer “chatonildos” nem formar gueto ou comunidade auto-segregada, acreditamos que ainda falta conquistar os seguintes espaços na mídia brasileira para que a mulher gorda, ou com sobrepeso, tenha uma visibilidade relevante:
.Uma gordinha virar protagonista de novela, ser disputada por dois galãs deliciosos e beijar muuuuuuuuito na boca!
.Uma modelo plus size fotografar para a capa de uma revista tradicional de moda, como Elle, Marie Claire, Estilo e Vogue.
.Uma gorda ser a “boa” no comercial da cerveja Antarctica.
.Uma modelo plus size ser “bookada” para um desfile convencional na São Paulo Fashion Week (se for para a mesma grife de Gisele Bündchen, melhor ainda).
.Uma mulher de manequim 48 ou 50 aparecer no comercial de uma grande marca de cosméticos (algumas campanhas já escalaram “fofinhas”, mas nunca uma realmente grandona).
.Uma gordinha vencer um reality show (qualquer um!), já que neste tipo de programa quase sempre o campeão é homem.
.Uma gorda famosa entrar para essas listas de “a mais bem vestida” e “a mais chique” das revistas de celebridades.
.Uma gordinha entrar para o ranking das 100 mulheres mais sexy do mundo, da revista VIP.
O que é ser “normal”?
Posted 2 de fevereiro de 2010
on:Hoje, o blog Mulherão, de Renata Vaz, relatou que a jornalista Gloria Kalil, considerada uma das papisas da moda no Brasil, afirmou em um texto postado em seu site Chic, que a obesidade e as modelos plus size seriam uma “anomalia”. Por coincidência, o blog Querido Leitor, da multimídia Rosana Hermann, e hospedado no portal R7, questionou o conceito de “normalidade” que rege desde o comportamento até o peso das pessoas. Afinal, quem é normal? Aliás, o que é ser normal? É ser magro? É gostar de MPB? É usar a cor da meia combinando com a da calça? É ser destro? É não ter sotaque? É aceitar os cabelos brancos? É mentir a idade? Como se percebe, o rótulo “normal” sugere subjetividade e diversidade. O que é normal para mim poder ser anormal para você. Uma anomalia para você pode ser algo absolutamente dentro da normalidade para mim. Cada cultura, cada comunidade, cada microcosmo estabelece seu padrão de normal e anormal, aceitável e reprovável. Tanto é que as leis mudam de país para país, de cidade para cidade, e cada juiz pode ter um entendimento único. Em alguns países, como os Estados Unidos, é normal ter olhos azuis. Já no Brasil é uma característica rara. Na Inglaterra, os carros são fabricados com o volante do lado direito. Por aqui, fica no esquerdo. No Japão, a maioria dos corpos é cremada. Na nossa tradição prevalece o enterro. Essas diferenças não podem ser separadas em “certo” e “errado”, “normal e “anormal”. Entre as pessoas, podemos usar rótulos como alto e baixo, branco e negro, magro e gordo. Porém não devemos carimbar um “anormal” apenas por a pessoa ser anã, ter a pele escura ou quilos a mais. É tão inaceitável quanto chamar um deficiente mental de “retardado” e uma pessoa inválida de “inútil”. Não se trata do politicamente correto. A questão, neste caso suscitado pelo texto de Gloria Kalil, é não piorar a situação já tão complicada de quem é obeso ou está com sobrepeso. Insinuar que a gorda tem uma anomalia significa dizer que ela é imperfeita, defeituosa, incorreta, incompleta. A verdadeira anomalia é o preconceito. É julgar seguindo uma tabelinha de regras. Gloria Kalil precisa tomar cuidado. Pois o Brasil é um país tão miscigenado quanto preconceituoso. Assim como a gorda é vista como “anomalia” por alguns, as mulheres mais velhas, como a própria Gloria, também o são. Ninguém, por mais “normal” que seja, escapa do julgamento alheio, seja pela aparência, pelo peso, pela idade ou outra característica qualquer. Você pode até erguer o seu dedo para apontar a “anormalidade” de alguém. Mas não reclame se, um segundo depois, vários dedos estiverem apontados na sua direção.
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